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07/05/2025 às 16h10 Redação Você está aqui: Home / Ponto de Vista Imprimir postagem

"Educação em Agonia: Quando o Silêncio dos Professores Vira Grito" 3g470

Ser professor da rede estadual no Piauí, hoje, é carregar nas costas o peso de um descaso institucionalizado. Não é só um salário defasado — é uma afronta mensal, uma humilhação parcelada, que nos expõe ao constrangimento diante de colegas que atuam em redes municipais ou em outros estados e que recebem com dignidade aquilo que aqui nos negam: o básico. 4t6a37

A situação é desesperadora. A escola virou trincheira. Falta estrutura, falta segurança, falta respeito. E quem continua ali, resistindo, não é herói — é sobrevivente. Sobrevivente de um sistema que esmaga, suga e descarta.

Falo como professor, com mais de trinta anos de sala de aula. Não sou sindicalista, mas tenho olhos, ouvidos e memória. E o que vejo é revoltante. O movimento sindical que deveria ser voz da categoria virou negócio de família. De norte a sul do estado, o que se vê são verdadeiros feudos: gente há mais de vinte anos na direção do sindicato, sustentando filhos, irmãos, esposas, namorados, como se aquilo fosse um patrimônio privado, uma herança de sangue.

Não há luta de classe. Há plano de carreira — mas só para eles.
Não há pautas coletivas. Há agendas pessoais.
Não há coragem. Há conveniência.

A base está abandonada, e quem deveria nos defender transformou a representação em meio de vida confortável. Enquanto isso, seguimos no sufoco: lidando com salas superlotadas, estrutura precária e o cansaço de uma profissão que já foi nobre, mas que hoje é tratada com desprezo.

E quem fala se cala. Quem se indigna é isolado. É uma estrutura podre, protegida pelo medo e pelo apadrinhamento. Mas é hora de dizer: basta.

Basta de sermos massa de manobra. Basta de sermos explorados por dentro e por fora. Basta de aceitar que a educação seja entregue nas mãos de oportunistas. Chega de ver colegas adoecendo, desistindo, morrendo em vida.

A educação do Piauí está em agonia. E quem vive da escola, quem respira esse chão todos os dias, não pode mais aceitar migalhas. A mudança não pode mais ser adiada. Ou nos erguemos agora — ou seremos enterrados em silêncio.

E que fique claro: não haverá desculpas para quem, podendo lutar, escolheu o conforto da omissão.

Prof. José Mª Freitas


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